Casal investe em 'loja fashion' para atrair clientes em favela no Rio
Quando Ivone Duarte perdeu o emprego em uma clínica veterinária, quatro anos atrás, começou a investir na ideia de vender roupas em casa, no morro Santa Marta, e colocou um espelho e uma arara em um cantinho da cozinha para compor uma miniloja.
As clientes que chegavam da rua tinham que passar pelos traficantes armados que controlavam a comunidade. "Eles perguntavam quanto elas queriam comprar, se queriam fumar, cheirar. Aquele era o primeiro impacto", lembra Hudson Freire, marido de Ivone.
A situação mudou depois que o Santa Marta virou a primeira favela do Rio a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), dois anos atrás.
Os negócios melhoraram tanto que, em janeiro deste ano, Hudson deixou o emprego em uma agência de publicidade em Niterói para ajudar a esposa, e eles compraram um imóvel na Praça do Cantão, na parte baixa do morro, para abrir uma loja.
"Vi que o negócio ia andar com a comunidade pacificada. Comecei a imaginar as clientes vindo da rua", conta Freire.
Depois de uma reforma caprichada, o casal abriu, em fevereiro, a Comunidade Fashion, e a proporção de clientes se inverteu: "Hoje, 60% vêm de fora (da comunidade) para comprar aqui", estima Freire.
O casal está no processo de constituir uma empresa formal para impulsionar os negócios. "Vamos fazer um CNPJ para poder vender com a máquina de cartão de crédito e débito. É importante, a gente perde vendas de clientes casuais e de gringos que vêm visitar a comunidade", diz Hudson.